Conto: Assassinato no Caixa do Mercado


Sempre gostei de ir no mercado Rei Cruzeiro por conta da sua música ambiente.  Mesmo que ela seja um pouco mais longe que os outros que pontilham minha vizinhança, o prazer de andar por seus corredores ouvindo música boa servia de bom motivo para andar um pouco mais.

Ao invés daquelas músicas de elevador que dão sono, parece que a rádio do mercado é programada por quem gosta de música.  Principalmente de rock.  Já fiz compras ao som de Led Zeppelin, Black Sabbath e Santana.  Ou então ao som de Queen, Beatles e Nirvana.

E não vá pensando que a rádio só toca sucesso, não.  Sempre rola um som diferente, aquelas faixas que só quem ouve os discos das bandas conhece.  Já ouvi por lá Fear is the Key, do Iron Maiden e Elected do Alice Cooper.

Como se isso ainda não fosse suficiente, tem banda nova e desconhecida também.  Algumas eu até anotei na hora e baixei os discos em casa, quando achei o som bom e não conhecia a banda.  Coisa do nível de Night Horse e Vintage Trouble.  Ou então bandas antigas que ninguém mais lembra, tipo Elf e Captain Beyond, dinossauros dos anos 70.

E aí eu chego um dia no caixa, todo simpático, e pergunto à atendente se a rádio é programada ali mesmo no mercado.  Ela me explica que não, que é uma rádio de todas as lojas da rede.  Por fim, eu elogio a rádio e ela me vem com desaforo:

- Rádio boa?  Que nada, só toca música chata, é a mó porcaria.

Depois disso eu só lembro quando acordei no hospital, grogue de sedativos.  Mal acreditei quando me disseram que a gritaria começou quando acertei o vidro de azeite na cabeça da moça.

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